EM CONSTRUÇÃO!

 

 

 

 

 

 

 

 

HISTÓRIA DA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER

Alderi Souza de Matos

A Confissão de Fé de Westminster é a principal declaração doutrinária adotada oficialmente pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Ela foi um dos documentos aprovados pela Assembléia de Westminster (1643-1649), convocada pelo Parlamento inglês para elaborar novos padrões doutrinários, litúrgicos e administrativos para a Igreja da Inglaterra. Para se entender as circunstâncias da formulação desse importante documento, é preciso relembrar a história da Reforma Inglesa.


1. Antecedentes

Até 1534, a Inglaterra havia sido católica romana por muitos séculos. Nesse ano, sob a liderança do rei Henrique VIII, essa nação rompeu com Roma e aprovou o Ato de Supremacia, pelo qual o rei passou a ser o chefe da Igreja da Inglaterra. Assim sendo, passou a existir uma igreja nacional inglesa, separada de Roma, mas ainda católica, com o nome de Igreja Anglicana.

Com a morte de Henrique VIII em 1547, subiu ao trono o seu filho adolescente Eduardo VI. Sob a liderança de Thomas Cranmer, arcebispo de Cantuária, foram elaborados dois importantes documentos, ambos influenciados pela teologia calvinista: os Trinta e Nove Artigos e o Livro de Oração Comum. Várias outras reformas foram realizadas, tendo-se a impressão de que a fé protestante iria triunfar. Todavia, a morte prematura do jovem rei, em 1553, interrompeu bruscamente esse processo.

Eduardo foi sucedido por sua meia-irmã, Maria Tudor, mais tarde conhecida como “Maria, a Sanguinária”. Ela era filha de Henrique VIII e da princesa católica espanhola Catarina de Aragão. De imediato, Maria se dispôs a anular o que seu pai e seu irmão haviam feito e levar a Inglaterra de volta para a Igreja de Roma. O arcebispo Cranmer e muitos outros líderes da Reforma foram queimados na fogueira.

Muitos protestantes fugiram para o continente, sendo que um bom número deles se refugiou em Genebra, onde o reformador João Calvino estava no auge da sua influência. Eles organizaram uma igreja presbiteriana, tendo como pastor um dos refugiados, o escocês João Knox. Outro refugiado, Miles Coverdale, e alguns companheiros fizeram uma nova tradução das Escrituras, que ficou conhecida como a Bíblia de Genebra. Foi a primeira Bíblia de tamanho pequeno a ser publicada e a primeira Bíblia em inglês na qual os livros eram divididos em capítulos e versículos.

Com a morte de Maria em 1558, sua meia-irmã Elizabete subiu ao trono para um longo reinado de 45 anos. O Ato de Supremacia foi restabelecido e os protestantes exilados tiveram permissão para retornar. Eles voltaram para a Inglaterra e a Escócia com a sua Bíblia de Genebra e com maior convicção acerca do calvinismo e do presbiterianismo.

2. Os puritanos

Nesse contexto, solidificou-se um movimento cujas raízes mais remotas vinham desde o pré-reformador João Wyclif (século 14), passando pelo tradutor da Bíblia William Tyndale (†1536) e muitos outros líderes. Firmemente apegados às Escrituras e à teologia calvinista, esses protestantes começaram a insistir numa reforma genuína da igreja inglesa, com uma forma de governo, um sistema de doutrinas, um culto e uma vida mais puros, ou seja, mais bíblicos. Com isso, por volta de 1565 eles passaram a ser chamados de “puritanos”.


A rainha Elizabete alarmou-se com o crescimento do puritanismo e tudo fez para forçar os puritanos a se submeterem aos padrões religiosos vigentes. Todavia, o movimento continuou a crescer. Um autor diz que a Inglaterra nunca experimentou uma transformação moral tão grande como a que ocorreu entre o meio do reinado de Elizabete e a convocação do Longo Parlamento. A Inglaterra se tornou o povo de um livro, a Bíblia, que era lida nas igrejas e nos lares, gerando grande vitalidade espiritual. (Ver John Richard Green, em Uma Breve História do Povo Inglês).


Com a morte de Elizabete em 1603, Tiago VI da Escócia, filho de Maria Stuart, tornou-se Tiago I, rei da Inglaterra e da Escócia, e chefe da igreja. Os puritanos nutriam grandes esperanças em relação ao novo rei, que havia sido educado pelos presbiterianos da Escócia. Todavia, ele os decepcionou profundamente, visto estar muito apegado ao sistema episcopal de governo eclesiástico. Ele disse: “Vou fazer com que se submetam ou os expulsarei do país, ou coisa pior”. No sei reinado, um grupo de puritanos foi inicialmente para a Holanda e depois para a Nova Inglaterra, na América do Norte. A única coisa positiva que esse rei fez na área religiosa foi aprovar uma nova e influente tradução da Bíblia, que ficou conhecida como a Versão do Rei Tiago (King James Version, 1611).


3. A Assembléia de Westminster

Tiago foi sucedido no trono por seu filho Carlos I, que reinou de 1625 a 1649. Seu principal conselheiro era William Laud, arcebispo de Cantuária, um adepto da teologia arminiana e da uniformidade religiosa. Em 1637, Carlos I e Laud tentaram fazer com que os presbiterianos da Escócia se submetessem ao governo e culto da Igreja da Inglaterra, com seu sistema episcopal (bispos e arcebispos). No ano seguinte, os escoceses assinaram um Pacto Nacional no qual se comprometiam a defender o presbiterianismo e entraram em guerra contra o rei.


Carlos precisava de mais homens e dinheiro para lutar contra os escoceses e assim foi forçado a convocar a eleição de um Parlamento. Para seu horror, os ingleses elegeram um Parlamento puritano. Ele rapidamente dissolveu o parlamento e convocou nova eleição, que resultou em uma maioria puritana ainda mais expressiva. O rei tentou novamente tentou dissolver o Parlamento, que entrou em guerra contra ele. Estava iniciada a guerra civil inglesa.


Entre outras coisas, esse Parlamento puritano voltou sua atenção para a questão religiosa. Há 75 anos os puritanos vinham insistindo que a Igreja da Inglaterra tivesse uma forma de governo, doutrinas e culto mais puros. Assim sendo, o Parlamento convocou a “Assembléia de Teólogos de Westminster”, que ficou composta de 121 dos ministros mais capazes da Inglaterra, além de 20 membros da Câmara dos Comuns e 10 membros da Câmara dos Lordes. Todos os ministros, exceto dois, eram da Igreja da Inglaterra. Praticamente todos eles eram puritanos, calvinistas. Infelizmente, não havia unanimidade entre eles quanto à forma de governo: a maioria era composta de presbiterianos, muitos eram partidários da forma congregacional e alguns defendiam o episcopalismo. Os debates mais longos e acalorados foram travados nessa área.


A Assembléia de Westminster iniciou seus trabalhos na Abadia de Westminster, em Londres, no dia 1° de julho de 1643, e continuou em atividade durante cinco anos e meio. Nesse período, houve 1163 reuniões do plenário e centenas de reuniões de comissões e subcomissões.


4. A conexão escocesa

Mal haviam começado os trabalhos, as forças parlamentares começaram a ficar em desvantagem na guerra. Rapidamente foi enviada uma delegação à Escócia em busca de auxílio. Os escoceses concordaram em enviar socorro, mediante duas condições: (a) todos os membros da Assembléia de Westminster e do Parlamento deviam assinar uma Liga e Pacto Solene a ser redigido pelos escoceses; (b) os escoceses iriam nomear alguns representantes junto à Assembléia de Westminster. Ao assinarem esse documento, os ingleses se comprometeram a manter e defender a Igreja Presbiteriana da Escócia e a realizarem uma reforma da igreja “na Inglaterra e na Irlanda em sua doutrina, governo, culto e disciplina, de acordo com a Palavra de Deus e o exemplo das melhores igrejas reformadas”.


Os escoceses enviaram seis delegados à Assembléia de Westminster – quatro pastores e dois presbíteros – sem direito a voto. Os ministros eram: Alexander Henderson, Robert Baillie, George Gillespie e Samuel Rutherford. Esses poucos representantes escoceses exerceram uma influência decisiva sobre a Assembléia. Com a chegada dos escoceses e a assinatura da Liga e Pacto Solene em setembro de 1643, houve uma mudança radical no trabalho da Assembléia. Antes disso, a maior parte do tempo havia sido dedicada a uma revisão dos Trinta e Nove Artigos e não se pensara em elaborar uma nova Confissão de Fé. Agora os Trinta e Nove Artigos foram postos de lado e passou-se a fazer uma reforma profunda na Igreja da Inglaterra.


A Assembléia de Westminster era um conjunto de homens não somente eruditos, mas profundamente espirituais. Gastou-se muito tempo em oração e tudo foi feito com espírito de reverência. Robert Baillie, um dos representantes escoceses, descreveu um dos dias de jejum e oração: “Depois que o Dr. Twisse deu início com uma breve oração, o Sr. Marshall orou longamente por duas horas, confessando mui piedosamente os pecados dos membros da Assembléia... Depois disso, o Sr. Arrowsmith pregou por uma hora, e então foi cantado um salmo. Em seguida, o Sr. Vines orou por quase duas horas, o Sr. Palmer pregou por uma hora e o Sr. Seaman orou por quase duas horas; em seguida, foi cantado um salmo. Depois disso, o Sr. Henderson os levou a uma breve e suave reflexão sobre as faltas confessadas e outras faltas vistas na Assembléia, para serem corrigidas. O Dr. Twisse encerrou com breve oração e bênção. Deus estava presente de modo tão claro nesse exercício devocional que nós certamente esperamos uma bênção tanto sobre os assuntos da Assembléia quanto sobre todo o reino”.


5. O trabalho da Assembléia

Durante seus cinco anos e meio de atividade, a Assembléia de Westminster produziu os chamados Padrões Presbiterianos. À medida que era concluído, cada documento era encaminhado ao Parlamento como o “humilde conselho” da Assembléia. O Parlamento não aprovou automaticamente o trabalho da Assembléia, mas gastou muito tempo estudando e discutindo cada documento. Os Padrões Presbiterianos, na ordem em que foram concluídos pela Assembléia, são os seguintes: (a) Diretório do Culto Público a Deus: foi concluído em dezembro de 1644 e aprovado pelo Parlamento em janeiro de 1645. Substituiu o Livro de Oração Comum. (b) Forma de Governo Eclesiástico e Ordenação: foi concluída em novembro de 1644 e aprovada pelo Parlamento em 1648. Era uma forma presbiteriana de governo e substituiu o episcopalismo na Igreja da Inglaterra. (c) Confissão de Fé: foi concluída em dezembro de 1646 e aprovada pelo Parlamento em março de 1648. (d) Catecismos Maior e Breve: foram concluídos no final de 1647 e aprovados pelo Parlamento em setembro de 1648. (e) Saltério: versão métrica dos salmos para o culto; havia várias versões concorrentes, mas a de Francis Rous, membro do Parlamento e da Assembléia, foi finalmente aprovada em novembro de 1645, após uma extensa revisão. Foi aprovado pelo Parlamento no ano seguinte.


6. A Confissão de Fé

O esboço inicial da Confissão de Fé de Westminster foi preparado por duas comissões a partir de outubro de 1644, com a plena participação dos representantes da Igreja da Escócia. O plenário da Assembléia discutiu o documento de julho de 1645 a dezembro de 1646. Alguns dos debates foram acalorados, especialmente sobre temas como o Decreto de Deus, a Liberdade Cristã e a Liberdade de Consciência, e a liderança de Cristo. De um modo geral, houve uma notável unanimidade entre os participantes.


No dia 26 de novembro de 1646 o texto ficou pronto, com a exceção do prefácio e de algumas emendas. Estes foram concluídos no 4 de dezembro, quando a Confissão de Fé foi apresentada à Câmara dos Comuns. Todavia, o Parlamento exigiu a apresentação de textos bíblicos de apoio, cuja preparação e discussão continuou até abril de 1647. Em 29 de abril, a Confissão com as passagens bíblicas foi apresentada às duas câmaras. A Câmara dos Comuns determinou a impressão de 600 cópias, somente para os membros do Parlamento e da Assembléia. O título era: “O humilde conselho da Assembléia de teólogos que por autoridade do Parlamento ora está reunida em Westminster... com respeito a uma Confissão de Fé, com a adução de citações e textos da Escritura”.


A Confissão foi aprovada pelo Parlamento somente em 1648, com o seguinte título: “Artigos de religião cristã, aprovados e sancionados por ambas as casas do Parlamento, segundo o conselho da Assembléia de teólogos ora reunida em Westminster por autoridade do Parlamento”.


A Confissão de Fé é uma expressão da teologia agostiniana e calvinista que há mais de um século vinha influenciando os teólogos ingleses. Especificamente, a forma da Confissão foi influenciada pelos chamados Artigos Irlandeses, elaborados pelo bispo Ussher em 1615. Quanto ao esquema teológico geral sob o qual os teólogos de Westminster agruparam suas principais doutrinas, trata-se do sistema conhecido como Teologia Federal ou Teologia do Pacto (Pacto das Obras e Pacto da Graça).


Como uma declaração da doutrina reformada e como uma afirmação do calvinismo do século 17, a Confissão de Fé é um documento extremamente moderado e judicioso. William Beveridge conclui: “Devemos agradecer a Deus por essa declaração sábia, completa e equilibrada de nossa fé, que chegou até nós como uma preciosa herança da Assembléia de Westminster”.


7. Eventos subseqüentes

Com o auxílio dos escoceses, as forças parlamentares lideradas por Oliver Cromwell esmagaram o rei Charles e seus exércitos. Cromwell e o exército inglês eram partidários do congregacionalismo; assim sendo, os presbiterianos foram expulsos do Parlamento em 1648. O rei foi decapitado na Torre de Londres em janeiro de 1649, sendo então criada a Comunidade (Commonwealth), tendo Cromwell como Lorde Protetor da Inglaterra e da Escócia.


Cromwell morreu em 1658 e dois anos depois foi restaurada a monarquia, com Carlos II no trono dos dois países. O episcopado foi restaurado, sendo aprovadas rígidas leis que impunham submissão ao governo e ao culto da Igreja da Inglaterra. Cerca de dois mil ministros presbiterianos foram expulsos de suas igrejas e residências. Seguiu-se um longo período de intolerância e cerceamento. Somente no século 19 foi organizada a Igreja Presbiteriana da Inglaterra (1876).


Na Escócia, os Padrões de Westminster foram prontamente adotados pela Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana, substituindo os antigos documentos que vinham desde a época de John Knox. Isso é notável se lembrarmos que a Assembléia de Westminster era composta de 121 ministros puritanos ingleses e apenas quatro ministros escoceses. Os presbiterianos escoceses agiram assim por causa dos méritos intrínsecos dos Padrões de Westminster e em especial devido ao seu desejo de promover a unidade entre os presbiterianos das Ilhas Britânicas. Através da imigração e do esforço missionário dos presbiterianos escoceses, esses padrões foram levados para a Irlanda do Norte, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Brasil e até aos confins da terra.


8. Relevância atual

A Confissão de Fé de Westminster é considerada uma das melhores e mais equilibradas exposições da fé reformada já escritas. Suas definições doutrinárias foram cuidadosamente elaboradas por alguns dos homens mais cultos e piedosos do século 17. Talvez a sua linguagem e algumas de suas ênfases pareçam estranhas à nossa mentalidade do início do século 21. Todavia, temos de reconhecer que a maior parte das suas formulações continuam plenamente válidas para os dias atuais. Embora seja um documento muito importante e valioso para os reformados, ela não está no mesmo nível da Escritura, ficando subordinada à mesma.


A Confissão de Fé pode ser considerada um pequeno manual de teologia bíblica. Seus 33 capítulos abordam os temas mais importantes da teologia cristã, conforme segue: a doutrina da Escritura Sagrada – cap. 1; a doutrina de Deus (ser e obras) – caps. 2-5; a doutrina do homem e da redenção – caps. 6-9; a doutrina da aplicação da salvação – caps. 10-15; a doutrina da vida cristã – caps. 16-19; a doutrina do cristão na sociedade – caps. 20-24;  a doutrina da igreja – caps. 25-31; e a doutrina das últimas coisas – caps. 32-33.


Os principais temas da teologia reformada são abordados na Confissão de Fé de Westminster: (a) a autoridade das Escrituras – cap. 1; (b) a soberania de Deus e a eleição – caps. 3, 10; (c) o conceito do pacto – cap. 7; (d) a integração da doutrina com a vida cristã – cap. 16; (e) a relação entre lei e evangelho – cap. 19; (f) a importância da igreja e dos sacramentos – caps. 25-29; (g) o sistema de governo – cap. 31; (h) o relacionamento entre o reino de Deus e o mundo. Esperamos que essa considerações estimulem os leitores a conhecerem melhor esse documento histórico que é parte essencial da nossa identidade presbiteriana.


Referências

A Confissão de Fé, O Catecismo Maior, O Breve Catecismo. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1991.

Hodge, A.A. Confissão de Fé de Westminster comentada por A.A. Hodge. São Paulo: Editora Os Puritanos, 1999.

Beveridge, William. A short history of the Westminster Assembly. Revised and edited by J. Ligon Duncan III. Greenville, SC: Reformed Academic Press, 1993.

De Witt, John Richard, Terry L. Johnson e F. Solano Portela. O que é a fé reformada? São Paulo: Editora Os Puritanos, 2001.

Lingle, Walter L. Presbyterians: their history and beliefs. Richmond: John Knox, 1960.


Apêndices

1. Documentos Aprovados pela Assembléia (Padrões Presbiterianos)

·        Diretório do Culto Público (1644-1645)

·        Forma de Governo Eclesiástico (1644-1648)

·        Confissão de Fé (1646-1648)

·        Catecismos Maior e Breve (1647-1648)

·        Saltério (1645)


2. Etapas do Preparo da Confissão de Fé

·        Início do trabalho das comissões: outubro de 1644

·        Debates no plenário: julho de 1645 a dezembro de 1646

·        Apresentação à Câmara dos Comuns: 4 de dezembro de 1646

·        Preparação e discussão dos textos bíblicos: até abril de 1647

·        Apresentação da Confissão com passagens bíblicas: 29 de abril de 1647

·        Impressão de 600 cópias para membros do Parlamento e da Assembléia

·        Aprovação final pelo Parlamento: 1648


3. Características e relevância

·        Expressão da teologia calvinista

·        Ênfase na teologia federal ou do pacto

·        Influência dos Artigos Irlandeses (James Ussher, 1615)

·        Influência dos delegados escoceses – Alexander Henderson, Robert Baillie, George Gillespie, Samuel Rutherford


1.     Os Padrões de Fé de Westminster:

Observação:
em 1991, a Casa Editora Presbiteriana publicou uma edição especial da Confissão de Fé e dos Catecismos contendo, além do texto desses documentos, a reprodução de todas passagens bíblicas pertinentes a cada tópico.


(a)    Confissão de Fé: compõe-se de 33 capítulos, que abordam os seguintes tópicos:

 

A Doutrina das Escrituras

1. Da Escritura Sagrada

 

A Doutrina de Deus (Ser e Obras)

2. De Deus e da Santíssima Trindade
3. Dos Decretos Eternos de Deus
4. Da Criação
5. Da Providência

 

A Doutrina da Salvação (Objetiva)

6. Da Queda do Homem, do Pecado e do seu Castigo
7. Do Pacto de Deus com o Homem
8. De Cristo o Mediador
9. Do Livre Arbítrio

 

A Doutrina da Salvação (Subjetiva)

10. Da Vocação Eficaz
11. Da Justificação
12. Da Adoção
13. Da Santificação
14. Da Fé Salvadora
15. Do Arrependimento para a Vida
16. Das Boas Obras
17. Da Perseverança dos Santos
18. Da Certeza da Graça e da Salvação

 

A Doutrina da Vida Cristã

19. Da Lei de Deus
20. Da Liberdade Cristã
21. Do Culto Religioso e do Domingo

 

A Doutrina do Cristão na Sociedade

22. Dos Juramentos Legais e dos Votos
23. Do Magistrado Civil
24. Do Matrimônio e do Divórcio

 

A Doutrina da Igreja

25. Da Igreja
26. Da Comunhão dos Santos
27. Dos Sacramentos
28. Do Batismo
29. Da Ceia do Senhor
30. Das Censuras Eclesiásticas
31. Dos Sínodos e dos Concílios

 

A Doutrina das Últimas Coisas

32. Do Estado do Homem depois da Morte e da Ressurreição dos Mortos
33. Do Juízo Final

 

Apêndice

34. Do Espírito Santo
35. Do Amor de Deus


Observação quanto ao texto da Confissão de Fé encontrado em A Confissão de Fé, o Catecismo Menor e o Breve Catecismo: Exemplar do Líder, 1ª ed. especial (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1991):


Os Capítulos 34 e 35 foram acrescentados pela Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América (a Igreja do Norte) em 1903. A seção intitulada “A Autoridade da Confissão de Fé e dos Catecismos” (pág. 162-F) foi escrita pela Rev. John M. Kyle. (Ver a “Nota Histórica” que consta de edições anteriores da Confissão de Fé).


(b)    Catecismo Maior: compõe-se de 196 perguntas e respostas distribuídas em três seções:

 

1ª Parte: Da finalidade do ser humano, da existência de Deus, da origem e da veracidade das Escrituras – Perguntas 1-5

 

2ª Parte: O que o ser humano deve crer sobre Deus – Perguntas 6-90

Deus ....................................... 6-8
Trindade ..................................9-11
Decreto ...................................12-14
Criação ....................................15-17
Providência ..............................18-20
Queda .....................................21-29
Pacto ......................................30-35
Cristo, o Mediador ......................36-56
Salvação ..................................57-61
Igreja ......................................62-65
União Vital ................................66, 69
Vocação Eficaz ..........................67-69
Justificação ..............................70-73
Adoção ....................................74
Santificação .............................75-78
Perseverança ...........................79-81
Últimas Coisas ..........................82-90

 

3ª Parte: O que as Escrituras requerem do ser humano como seu dever – Perguntas 91-196
A Lei de Deus ........................91-97
Os 10 Mandamentos ...............98-148
Pecado ...............................149-153
Meios de Graça .....................154
Palavra ...............................155-160
Sacramentos ........................161-177
Oração ................................178-185
O Pai Nosso ..........................186-196

 

(c) Breve Catecismo: possui 107 perguntas e respostas, sintetizando os pontos mais importantes dos documentos maiores. Inclui uma abordagem detalhada dos Dez Mandamentos (perguntas 41-81).

 

 

 

Catecismo Maior de Westminster

1. Qual é o fim supremo e principal do homem?

0 fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo plena e eternamente.

Sl 73:24-26; Jo 17:22-24; Rm 11:36; I Co 10:31.

  

2. Como podemos saber se existe um Deus?

A própria luz da natureza no homem, e as obras de Deus, claramente testificam que existe um Deus; porém, só a sua Palavra e o seu Espírito o revelam de um modo suficiente e eficaz, aos homens, para a sua salvação.

Sl 19:1-4; Rm 1:19,20; I Co 1:21;2:9,10.

 

3. Que é a Palavra de Deus?

As Escrituras Sagradas – o Velho e o Novo Testamento – são a Palavra de Deus, a única regra de fé e obediência.

 Is 8:20; Lc 16:29,31; Gl 1:8,9; II Tm 3:15-17; II Pe 1:19-21.

 

4. Como podemos saber se as Escrituras são a Palavra de Deus?

Podemos saber que as Escrituras são a Palavra de Deus, pela sua majestade e pureza, pela harmonia de todas as suas partes e pelo propósito do seu conjunto, que é dar a Deus toda a glória; pela sua luz e poder para convencer e converter os pecadores e para edificar e confortar os crentes para a salvação. O Espírito de Deus, porém, dando testemunho, pelas Escrituras e juntamente com elas, no coração do homem, é o único capaz de persuadir plenamente de que elas são a própria Palavra de Deus.

Sl 19:7-9; Jo 16:13,14; At 10:43; Rm 16:25-27; Hb 4:12; I Co 2:6-9.

 

5. O que as Escrituras principalmente ensinam?

As Escrituras ensinam, principalmente, o que o homem deve crer sobre Deus, e o dever que Deus requer do homem.

Jo 20:31; II Tm 1:13.

 

6. O que as Escrituras revelam sobre Deus?

As Escrituras revelam o que Deus é, quantas pessoas há na Divindade, os seus decretos e como Ele os executa.

Êx. 34:6,7; Is 43:9; Mt.28:19; Jo 4:24; II Co 13:13; Ef 1:11; At 4:27,28.

 

7. Quem Deus é?

Deus é Espírito, em si e por si infinito em seu ser, glória, bem-aventurança e perfeição; todo-suficiente, eterno, imutável, insondável, onipresente, onipotente, onisciente, infinito em sabedoria, santidade, justiça, misericórdia, graça e longanimidade; cheio de toda bondade e verdade.

Êx 3:14; 34:6; I Rs 8:27; Sl 90:2; Is 6:3; Jr 23:24; Ml 3:6; Jo 4:24; Rm 11:33;16:27; At 17:24,25; Hb 4:13; Ap 4:8;15:4.

 

8. Há mais de um Deus?

Há um só Deus, o Deus vivo e verdadeiro.

Dt 6:4: Jr 10:10; I Co 8:4.          

 

9. Quantas pessoas há na Divindade?

Há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; estas três pessoas são um só Deus verdadeiro e eterno, da mesma substância, iguais em poder e glória, embora distintas pelas suas propriedades pessoais.

Mt 3:16-17;28:19; Jo 10:30;II Co 13:13.

 

10. Quais são as propriedades pessoais das três pessoas da Divindade?

O Pai gerou o Filho, o Filho foi gerado do Pai, e o Espírito Santo é procedente do Pai e do Filho, desde toda a eternidade.

Jo 1:14;15:26; Gl 4:6; Hb 1:5,6.

 

11. Como podemos saber se o Filho e o Espírito Santo são Deus, iguais ao Pai?

As Escrituras revelam que o Filho e o Espírito Santo são Deus iguais ao Pai, atribuindo-lhes os mesmos nomes, atributos, obras e culto, os quais só a Deus pertencem.

Gn 1:2; Jr 23:6; Sl 45:6;104:30; Is 9:6; Mt 28:19; Jo 1:1,3;2:24,25; At 5:3,4; I Co 2:10,11; II Co 13:13; I Jo 5:20; Cl 1:16; Hb 9:14.

 

12. O que são os decretos de Deus?

Os decretos de Deus são os atos sábios, livres e santos do conselho de sua vontade, pelos quais, desde toda a eternidade, Ele, para a sua própria glória, imutavelmente preordenou tudo o que acontece, especialmente com referência aos anjos e aos homens.

Sl 33:11; At 4:27,28; Ef 1:4,5,11.

 

 13. O que Deus especialmente decretou com referência aos anjos e aos homens?

Deus, por um decreto eterno e imutável, unicamente por seu amor e para exaltação de sua gloriosa graça, que tinha de ser manifestada em tempo próprio, elegeu alguns anjos para a glória, e, em Cristo, alguns homens para a vida eterna, e os meios para consegui-la, e também, segundo o seu soberano poder e o conselho inescrutável da sua própria vontade (pela qual Ele concede, ou não, os seus favores conforme lhe apraz), deixou e preordenou os mais à desonra e à ira, que lhes serão infligidas por causa dos seus pecados, para exaltação da glória da justiça divina.

Mt 11:25,26; Rm 9:17,18, 21,22; Ef 1:4,5,6; II Ts 2:13,14; I Pe 1:2; Jd 4; I Tm 5:21; II Tm 2:20.

 

14. Como Deus executa os seus decretos?

Deus executa os seus decretos nas obras da criação e da providência, segundo a sua presciência infalível e o livre e imutável conselho de sua própria vontade.

Dn 4:35; Ef 1:11; I Pe 1:1,2.                 

 

15. Qual é a obra da criação?

A obra da criação é aquela pela qual, no princípio e pela palavra do seu poder, Deus fez do nada o mundo e tudo quanto nele há, para si, no espaço de seis dias, e tudo muito bom.

Leia-se todo o capítulo 1 do livro de Gênesis. Hb 11:3; Rm 11:36; Ap 4:11.

 

16. Como Deus criou os anjos?

Deus criou todos os anjos como espíritos imortais, santos, excelentes em conhecimento, grandes em poder, para executarem os seus mandamentos e louvarem o seu nome, todavia sujeitos a mudança.

Sl 103:20-21;104:4; Mt 24:36; Lc 20:36; Cl 1:16; II Ts 1:7; II Pe 2:4.

 

17. Como criou Deus o homem?

Depois de ter feito todas as demais criaturas, Deus criou o homem, macho e fêmea; formou o corpo do homem do pó, e o da mulher, da costela do homem; dotou-os de almas viventes, racionais e imortais; fê-los conforme a sua própria imagem, em conhecimento, retidão e santidade, tendo a lei de Deus escrita em seus corações, e poder para a cumpri-la, com domínio sobre as criaturas, contudo sujeitos a cair.

Gn 1:27,28;2:7,16,17,22; Mt 10:28; Lc 23:43; Rm 2:14-15; Ef 4:24; Cl 3:10.

 

18. O que são as obras da providência de Deus?

As obras da providência de Deus são a sua mui santa, sábia e poderosa maneira de preservar e governar todas as suas criaturas, e ordenar tanto a elas como a todas as suas ações para a sua própria glória.

Gn 45:7; Sl 103:19;104:24;136:6;145:17; Is 28:29;63:14; Ne 9:6;Hb 1:3; Mt 10:29-30; Rm 11:36.

 

19. Qual é a providência de Deus para com os anjos?

Deus, pela sua providência, permitiu que alguns dos anjos, voluntária e irremediavelmente, caíssem em pecado e condenação eterna, limitando e ordenando isso, bem como todos os pecados deles, para própria glória dele, e estabeleceu os demais em santidade e felicidade, servindo-se de todos eles, conforme lhe apraz, nas administrações do seu poder, misericórdia e justiça.

Jó 1:12; Sl 104:4; Mt 8:31; Mc 8:38; Lc 10:17; I Tm 5:21; Jd 6;II Pe 2:4; Hb1:14;12:22. 

 

20. Qual foi a providência de Deus para com o homem, no estado em que ele foi criado?

A providência de Deus para com o homem, no estado em que ele foi criado, consistiu em colocá-lo no Paraíso, designando-o para o cultivar, dando-lhe liberdade para comer do fruto da terra; pondo as criaturas sob o seu domínio; e ordenando o matrimônio para o seu auxílio; em conceder-lhe comunhão com Deus, instituindo o dia de descanso, entrando em um pacto de vida com ele, sob a condição de obediência pessoal, perfeita e perpétua, da qual a árvore da vida era um penhor; e proibindo-lhe comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, sob pena de morte.

Gn 1:27,28;2:3,8,15,16,17,18; Lc 10:25-28; Rm 5:12-14;10:5.

 

21. Continuou o homem naquele estado em que Deus o criara no princípio?

Nossos primeiros pais, sendo deixados à liberdade da sua própria vontade, pela tentação de Satanás, transgrediram o mandamento de Deus, comendo do fruto proibido; e, por isso, caíram do estado de inocência em que foram criados.

Gn 3:6-8,13; II Co 11:3.

 

22. Caiu todo o gênero humano na primeira transgressão?

O pacto, sendo feito com Adão, como um representante legal, não para si somente, mas para toda a sua posteridade, todo o gênero humano, descendendo dele por geração ordinária, pecou nele e caiu com ele naquela primeira transgressão.

Gn 2:17; At 17:26; I Co 15.21,22.

 

23. A que estado a queda trouxe a humanidade?

A queda trouxe a humanidade a um estado de pecado e miséria.

Rm 5:12; Gl 3:10.

 

24. O que é pecado?

Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou a transgressão de qualquer lei por Ele dada como regra à criatura racional.

Rm 3:23; I Jo 3:4; Gl 3:10-12; Tg 4.17.

 

25. Em que consiste a pecaminosidade desse estado em que o homem caiu?

A pecaminosidade desse estado em que o homem caiu consiste na culpa do primeiro pecado de Adão, na falta de retidão na qual este foi criado, e na corrupção da sua natureza, pela qual ele se tornou inteiramente indisposto, incapaz e oposto a tudo o que é espiritualmente bom, e inclinado a todo o mal, e isso continuamente, o que geralmente se chama pecado original, do qual procedem todas as transgressões atuais.

Gn 6:5; Sl 51:5;58:3; Mt 15:19; Rm 3:10-20;5:6,12,19; 8:7-8; Ef 2:1-3;Tg 1:14,15.

 

26. Como o pecado original é transmitido de nossos primeiros pais à sua posteridade?

O pecado original é transmitido de nossos primeiros pais à sua posteridade por geração natural, de maneira que todos os que assim procedem deles são concebidos e nascidos em pecado.

Sl 51:5; Jo 3:6.

 

27. Que espécie de miséria a queda trouxe ao gênero humano?

A queda trouxe sobre o gênero humano a perda da comunhão com Deus, o seu desagrado e maldição; de modo que somos, por natureza, filhos da ira, escravos de Satanás e justamente sujeitos a todas as punições, neste mundo e no vindouro.

Gn 3:8, 24; Lm 3:39; Mt 25:41, 46; Lc 11:21-22; Rm 6:23; Ef 2:2-3; II Tm 2:26; Hb 2:14.

 

28. Quais são as punições do pecado, neste mundo?

As punições do pecado, neste mundo, são: interiores, como cegueira do entendimento, sentimentos depravados, fortes ilusões, dureza de coração, pavor na consciência e afetos torpes; ou exteriores, como a maldição de Deus sobre as criaturas, por nossa causa, e todos os outros males que caem sobre nós, em nossos corpos, nossos nomes, bens, relações e ocupações - juntamente com a própria morte.

Gn 3:17; Dt 28:15; Is 33:14; Ef 4:18; Rm 1:26,28;2:5;6:21,23; II Ts 2:11.

 

 

29. Quais são as punições do pecado, no mundo vindouro?

As punições do pecado, no mundo vindouro, são a separação eterna da presença consoladora de, e os mais penosos tormentos na alma e no corpo, sem interrupção, no fogo do inferno para sempre.

Mt 25.41-46; Mc 9:43,47-48; Lc 16:24, 26; Jo 3.16; II Ts 1:9; Ap 14:11.

 

30. Deixa Deus todo o gênero humano perecer no estado de pecado e miséria?

Deus não deixa todos os homens perecerem no estado de pecado e miséria, em que caíram pela violação do primeiro pacto, comumente chamado o pacto das obras, mas, simplesmente por puro amor e misericórdia, livra os eleitos desse estado, e os introduz num estado de salvação, pelo segundo pacto, comumente chamado o pacto da graça.

Rm 3.20-22; I Ts 5:9; Gl 3:10; Tt 1:2;3:4-7.

 

31. Com quem foi feito o pacto da graça?

O pacto da graça foi feito com Cristo, como o segundo Adão; e nEle, com todos os eleitos, como sua semente.

Is 53:10-11; I Co 15.22,45; Ef 1.4; II Tm 1.9; Hb 2.10,11,14.

 

32. Como a graça de Deus se manifesta no segundo pacto?

A graça de Deus se manifesta no segundo pacto em Ele, livremente, provê e oferece aos pecadores um Mediador, a vida e a salvação por meio dEle, exigindo a fé como condição de interessá-los nEle, promete e dá seu Espírito Santo a todos os seus eleitos, para neles operar essa fé, com todas as mais graças salvadoras, e para os habilitar a praticar toda a santa obediência, como evidência da veracidade da sua fé e gratidão para com Deus, e como o caminho que Deus lhes designou para a salvação.

Ez 36.27; Jo 1:12,13;3:5,6,8,16,36; II Co 5:14,15; Gl 5.22,23; Ef 2:10; I Tm 2.5; I Jo 5.11,12; Tg 2.18,22; Tt 2.14;3.8.

 

33. O pacto da graça sempre foi administrado da mesma maneira?

O pacto da graça nem sempre foi administrado da mesma maneira, mas as suas administrações no Velho Testamento eram diferentes daquelas do Novo Testamento.

II Co 3:6-9; Hb1:1,2;8:7-13.

 

34. Como foi administrado o pacto da graça, sob o Velho Testamento?

O pacto da graça foi administrado, no Velho Testamento, por promessas, profecias, sacrifícios, pela circuncisão, pela páscoa e por outros símbolos e ordenanças; todos os quais tipificaram o Cristo que havia de vir, e eram naquele tempo suficientes para edificar os eleitos na fé no Messias prometido, por quem tiveram, ainda nesse tempo, a plena remissão do pecado e a salvação eterna.

Êx 12:14,17,24; Rm 4:11;15:8; At 3:20,24; I Co 5:7; Gl 3:7-9,14; Hb 10:1;11:13.

 

35. Como o pacto da graça é administrado sob o Novo Testamento?

No Novo Testamento, quando Cristo, a substância, se manifestou, o mesmo pacto da graça foi, e continua a ser, administrado pela pregação da Palavra na celebração dos sacramentos do Batismo e da Ceia do Senhor; e, assim, a graça e a salvação se manifestam em maior plenitude, evidência e eficácia a todas as nações.

Mt 28:19-20; I Co 11:23-26; Hb 8.6-7.

 

36. Quem é o Mediador do pacto da graça?

0 único Mediador do pacto da graça é o Senhor Jesus Cristo, que sendo o eterno Filho de Deus, da mesma substância e igual ao Pai, na plenitude do tempo fez-se homem, e assim foi e continua a ser Deus e homem em duas naturezas perfeitas e distintas e uma só pessoa para sempre.

Jo 1:1;10:30; ITm 2:5; Fp 2:5-11; Gl. 4:4; Cl 2:9.

 

37. Como Cristo, o Filho de Deus, se fez homem?

Cristo, o Filho de Deus, se fez homem tomando para si um verdadeiro corpo e uma alma racional, sendo concebido pelo poder do Espírito Santo, no ventre da Virgem Maria, da sua substância e nascido dela, mas sem pecado.

Lc 1:31,35-42; Jo 1:14; Hb 4:15;7.26.

 

 

38. Por que era indispensável que o Mediador fosse Deus?

Era indispensável que o Mediador fosse Deus, para poder sustentar a natureza humana e guardá-la de cair sob a ira infinita de Deus e o poder da morte; para dar valor e eficácia aos seus sofrimentos, obediência e intercessão; e para satisfazer a justiça de Deus, conseguir o seu favor, adquirir um povo peculiar, dar a este povo o seu Espírito, vencer todos os seus inimigos e conduzi-lo à salvação eterna.

Lc 1:69, 71, 74; Jo 15:26; At 2:24;20.28; Rm 1:4;3.24-26; Ef 1:6; Tt 2:14; Hb 5:9.

 

39. Por que era indispensável que o Mediador fosse homem?

Era indispensável que o Mediador fosse homem, para poder soerguer a nossa natureza e possibilitar a obediência à lei, sofrer e interceder por nós em nossa natureza, e solidarizar-se com as nossas enfermidades, para que recebêssemos a adoção de filhos, e tivéssemos conforto e acesso, com confiança ao trono da graça.

Rm 5:19; Hb 2:14;4:14,15,16;7:24-25; Gl 4:5.

 

40. Por que era indispensável que o Mediador fosse Deus e homem em uma só pessoa?

Era necessário que o Mediador, que havia de reconciliar o homem com Deus, fosse, ele mesmo, Deus e homem, e isto em uma só pessoa, para que as obras próprias de cada natureza pudessem ser aceitas por Deus a nosso favor, e que nós confiássemos nelas como as obras da pessoa inteira.

Mt 1:21,23;3:17; I Pe 2:6.

 

41. Por que o nosso Mediador foi chamado Jesus?

O nosso Mediador foi chamado Jesus, porque salva o seu povo dos pecados deles.

Mt 1:21,23.

 

42. Por que o nosso Mediador foi chamado Cristo?

O nosso Mediador foi chamado Cristo porque foi, acima de toda a medida, ungido com o Espírito Santo; e assim separado e plenamente revestido com toda autoridade e poder para exercer os ofícios de profeta, sacerdote, e rei de sua igreja, tanto no estado de sua humilhação, como no de sua exaltação.

Sl 2.6; Mt 28.18-20; Lc 4:14,18,19,21; Jo 3:34; At. 3:22; Hb 4:14,15;5:5,6; Ap 19:16; Is 9:6.

 

43. Como exerce Cristo o ofício de profeta?

Cristo exerce o ofício de profeta, revelando à igreja, em todos os tempos, pelo seu Espírito e Palavra, por diversos modos de administração, toda a vontade de Deus, em todas as coisas concernentes à sua edificação e salvação.

Jo 1:1,4,18;20:31; II Pe 1:21; II Co 2:9,10; Ef 4:11-13.

 

44. Como Cristo exerce o ofício de sacerdote?

Cristo exerce o ofício de sacerdote, oferecendo-se a si mesmo uma vez em sacrifício, sem mácula a Deus, para ser a propiciação pelos pecados do seu povo, e fazer contínua intercessão por esse mesmo povo.

Hb 2:17;7:25;9:14,28.

 

45. Como Cristo exerce o ofício de rei?

Cristo exerce o ofício de rei, chamando do mundo um povo para si, dando-lhe oficiais, leis e disciplinas para visivelmente o governar;concedendo a graça salvadora aos seus eleitos; recompensando sua obediência e corrigindo-os em conseqüência de seus pecados; preservando-os e sustentando-os em todas as suas tentações e sofrimentos; restringindo e subjugando todos os seus inimigos, e poderosamente ordenando todas as coisas para a sua própria glória e para o bem de seu povo; e também tomando vingança contra os que não conhecem a Deus nem obedecem ao Evangelho.

Sl 2:9; Is 55:5; Mt 18:17,18;25:34-36;28:19,20; Jo 10:16,27; At 5:31;12:17;18:9,10; Rm 2:7;14:11;8:28,35-39; I Co 5:4,5;12:9,10,28;15:25; II Co 12:9,10; Ef 4:11,12; I Tm 5:20; Tt 3:10; II Ts 1:8; 22:12; Cl 1:18; Hb 12:6,7; Ap 3:19. 

 

 

46. Qual foi o estado de humilhação de Cristo?

O estado de humilhação de Cristo foi aquela baixa condição, na qual, por amor de nós, esvaziando-se da sua glória, Ele tomou para si a forma de servo, em sua concepção e nascimento, em sua vida, em sua morte, e, depois de sua morte, até à sua ressurreição.

II Co 8:9; Gl 4.4; Fp 2:6-8. 

 

47. Como Cristo se humilhou na sua concepção e nascimento?

Cristo humilhou-se na sua concepção e nascimento, em ser, desde toda a eternidade o Filho de Deus no seio do Pai, a quem aprouve, na plenitude do tempo, tornar-se Filho do homem, nascendo de uma mulher de humilde posição, com diversas circunstâncias de humilhação fora do comum.

Lc 2:7;I Jo 1:14,18.

 

48. Como Cristo se humilhou em sua vida terrena?

Cristo se humilhou em sua vida sujeitando-se à lei, a qual perfeitamente cumpriu, e combatendo as indignidades do mundo, as tentações de Satanás e as enfermidades da carne, quer comuns à natureza do homem, quer as procedentes dessa baixa condição.

Is 52:13,14;53:2,3; Sl 22:6; Mt. 3:15;4.1-11; Jo 19:30; Rm 5:19; Gl 4:4; Hb. 2:17-18;4:15;12:2-3.

 

49. Como Cristo se humilhou em sua morte?

Cristo se humilhou em sua morte porque, tendo sido traído por Judas, abandonado pelos seus discípulos, escarnecido e rejeitado pelo mundo, condenado por Pilatos e atormentado pelos seus perseguidores, tendo também lutado com os terrores da morte e os poderes das trevas, tendo sentido e suportado o peso da ira de Deus, Ele deu a sua vida como oferta pelo pecado, sofrendo a penosa, vergonhosa e maldita morte da cruz.

Is 53:3,10; Mt 27:4;26:56;27:26,46; Lc 18-32,33;22:44;63,64; Jo 19:34; Rm 4.25;8:32; I Co 15.3,4; Fp 2:8;Hb 12.2.

 

50. Em que consistiu a humilhação de Cristo depois de sua morte?

A humilhação de Cristo, depois da sua morte, consistiu em ser ele sepultado, em continuar no estado dos mortos e sob o poder da morte até ao terceiro dia, o que, aliás, tem sido expresso nestas palavras: Ele desceu ao inferno (= Hades).

Mt 12:40; I Co. 15:3,4.

 

51. Qual foi o estado de exaltação de Cristo?

O estado de exaltação de Cristo compreende sua ressurreição, ascensão, o assentar-se ele à destra do Pai, e sua segunda vinda para julgar o mundo.

Lc 24:51; At 1:9-11;17:31; I Co 15:4; Ef 1:20. 

 

52. Como Cristo foi exaltado em sua ressurreição?

Cristo foi exaltado em sua ressurreição, em não ter visto a corrupção na morte (pela qual não era possível que Ele fosse retido), e o mesmo corpo em que sofrera, com as suas propriedades essenciais (sem a mortalidade e outras enfermidades comuns a esta vida), tendo-se realmente unido à sua alma, ressurgiu dentre os mortos ao terceiro dia, pelo seu próprio poder, e por essa ressurreição declarou-se Filho de Deus, por haver satisfeito a justiça divina, ter vencido a morte e aquele que tinha o poder sobre ela, e ser o Senhor dos vivos e dos mortos. Tudo isto fez Ele na sua capacidade representativa, corno Cabeça da sua Igreja, para a justificação e vivificação dela na graça, apoio contra os inimigos, e para lhe assegurar a sua ressurreição dos mortos no último dia.

Sl 16:10; Lc 24:39; Jo 10:18; At 2:24; Rm 1:4;4:25;14:9; I Co 15:17,20,21,22,25,26; Ef 1:22-23;2:5-6; I Ts 4:13-18; Hb 2:14; Ap 1:18. 

 

53. Como Cristo foi exaltado em sua ascensão?

Cristo foi exaltado em sua ascensão em ter, depois de sua ressurreição, aparecido muitas vezes aos seus apóstolos e conversado com eles, falando-lhes das coisas pertencentes ao reino de Deus, impondo-lhes o dever de pregarem o Evangelho a todos os povos, e em subir aos mais altos céus, no fim de quarenta dias, levando a nossa natureza e, como nosso Cabeça, triunfando sobre os inimigos, para ali, à destra de Deus, receber dons para os homens, elevar os nossos afetos e preparar-nos um lugar, onde Ele está e estará até à sua segunda vinda, no fim do mundo.

Sl 68:18; Mt 28:19; Jo 14:2-3;  At 1:2,3,9;3:21; Hb 6:20; Ef 4:8,10; Cl 3:1,2.

 

54. Como Cristo é exaltado em sentar-se à destra de Deus?

Cristo é exaltado em sentar-se à destra de Deus, em ser Ele, como Deus-homem, elevado ao mais alto favor de Deus o Pai, tendo toda a plenitude de gozo, glória, e poder sobre todas as coisas no céu e na terra, em reunir e defender a sua Igreja e subjugar os seus inimigos; em suprir seus ministros e ao seu povo dons e graças, e em fazer intercessão por eles.

Jo 17:5; At 2:28; Rm 8:34;  I Pe 3.22; Ef 1:22;4:11-12; Fp 2:9; Fp 2:9.

 

55. Como Cristo faz intercessão?

Cristo faz a sua intercessão apresentando-se em nossa natureza, continuamente, perante o Pai, no céu, pelo mérito de sua obediência e sacrifício cumpridos na terra, manifestando a Sua vontade para que seja ela aplicada a todos os crentes; respondendo a todas as acusações contra eles; adquirindo-lhes paz de consciência, não obstante suas faltas diárias; dando-lhes acesso, com confiança, ao trono da graça, e aceitando suas pessoas, e seus serviços.

Jo 17:9, 20,24; Rm 5:1-2;8:33,34; I Jo 2:1,2; Ef 1:6; I Pe 2:5; Hb 1:3; 4:16;9:24.

 

56. Como há de ser Cristo exaltado ao vir segunda vez para julgar o mundo?

Cristo há de ser exaltado em sua vinda para julgar o mundo, em que, tendo sido injustamente julgado e condenado pelos homens maus, virá segunda vez, no último dia, com grande poder e na plena manifestação da sua própria glória e da de seu Pai, com todos os seus santos anjos, com brado, com voz de arcanjo e com a trombeta de Deus, para julgar o mundo em retidão.

Sl 85:13;96:10-13; Mt 24:30;25:31; Lc 9:26; At. 3:14-15;17:31; I Ts. 4:16; Ap 1:7.

 

57. Que benefícios Cristo adquiriu pela sua mediação?

Cristo, pela sua mediação, adquiriu a redenção, juntamente com todos os mais benefícios do pacto da graça.

Rm 8:32; I Co 1:30; II Co 1:20; Hb 9:12.

 

58. Como nos tornamos participantes dos benefícios que Cristo adquiriu?

Tornamo-nos participantes dos benefícios que Cristo adquiriu, pela aplicação deles, a nós, que é especialmente a obra do Espírito Santo.

Jo 1:12;3:5,6.

 

59. Quem é feito participante da redenção adquirida por Cristo?

A redenção é seguramente aplicada e eficazmente comunicada a todos aqueles para quem Cristo a adquiriu, os quais são, nesta vida, habilitados pelo Espírito Santo a crer em Cristo, conforme o Evangelho.

Jo 6:37,39;10:15; Rm 8:29,30; I Pe 1:2; II Ts 2:13.

 

60. Aqueles que nunca ouviram o Evangelho, e, por conseguinte, não conhecem a Jesus Cristo, nem nEle crêem, poderão ser salvos por viver segundo a luz da natureza?

Aqueles que nunca ouviram o Evangelho e não conhecem a Jesus Cristo, nem nEle crêem, não poderão se salvar, por mais diligentes que sejam em conformar suas vidas à luz da natureza, ou às leis da religião que professam, nem há salvação em nenhum outro, senão unicamente em Cristo, que é o único Salvador do seu Corpo - a Igreja.

Jo 4:22;8,39,44; At 4:12; I Co 1:21; Rm 1:18-32;3:9-19;10:14; II Ts 1:6-10; Fp 3:4-10;

 

61. Serão salvos todos os que ouvem o Evangelho e vivem na Igreja?

Nem todos os que ouvem o Evangelho e vivem na Igreja visível serão salvos, mas unicamente aqueles que são membros verdadeiros da Igreja invisível.

Mt 7:21;13:41,42; Rm 9:6.

 

62. O que é a Igreja visível?

A Igreja visível é uma sociedade composta de todos quantos, em todos os tempos e lugares do mundo, professam a verdadeira religião, juntamente com seus filhos.

Mc 10:13-16; At 2:42;13:1,2;16.31; Rm 3:1-2;15:1-12; I Co 1:2; 7.14;12:12,13.

 

 

 

63. Quais são os privilégios especiais da Igreja visível?

A Igreja visível tem o privilégio de estar sob o cuidado e governo especiais de Deus; de ser protegida e preservada em todos os tempos, não obstante a oposição de todos os inimigos; e de gozar da comunhão dos santos, dos meios ordinários de salvação e das ofertas da graça por Cristo a todos os membros dela, no ministério do Evangelho, testificando que todo o que crer nEle será salvo, não excluindo a ninguém que vier a Ele.

Sl 147:19,20; Mt 16:18; Jo 6:37; At 2:42;13:1,2;16.31; Rm 3:1,2;   I Co 12:28; Ef 4:11,12; Ap 22:17.

 

64. O que é a Igreja invisível?

Igreja invisível é o número completo dos eleitos, que têm sido e que hão de ser reunidos num só corpo sob Cristo, o Cabeça.

Jo 10:16;11:52;Ef 1:10,22,23.

 

65. Quais são os benefícios especiais de que gozam, por meio de Cristo, os membros da Igreja invisível?

Os membros da igreja invisível gozam, por meio de Cristo, de união e comunhão com Ele em graça e glória.

Jo 17:21,24; Ef 2:5,6; I Jo 1:3.

 

66. Que espécie de união os eleitos têm com Cristo?

A união que os eleitos têm com Cristo é a obra da graça de Deus, pela qual são eles, espiritual e misticamente, ainda que real e inseparavelmente, unidos a Cristo, seu Cabeça e Esposo, o que se efetua em sua vocação eficaz.

Jo 15:1-5; I Co 1.9; 6:17; Ef 2:8;5.23,30; I Pe 5:10.

 

67. O que é vocação eficaz?

Vocação eficaz é a obra da onipotência e da graça de Deus, pela qual (do seu livre e especial amor para com os eleitos, e sem que nada neles o leve a isto), Ele, no tempo aceitável, os convida e atrai a Jesus Cristo, pela sua Palavra e pelo seu Espírito, iluminando os seus entendimentos de uma maneira salvadora, renovando e poderosamente determinando as suas vontades, de modo que eles mesmos (embora em si estejam mortos em pecado), se tornam, por isso, prontos e capazes de livremente responder ao seu chamado, e de aceitar e abraçar a graça nele oferecida e comunicada.

Ez 11:19; Jo 6:44,45; At 26:18; Rm 9:11; II Co 5:20;6:2; Ef 1:18-20; Fp 2:13; II Tm 1:8-9; Tt 3:4-5; II Ts 2:13-14.

 

68. Os eleitos são os únicos eficazmente chamados?

Todos os eleitos - e somente eles - são eficazmente chamados; ainda que outros possam ser - e muitas vezes são - exteriormente chamados pelo ministério da Palavra, e tenham algumas operações comuns do Espírito, contudo, pela sua negligência e desprezo voluntários da graça que lhes é oferecida, são merecidamente deixados na sua incredulidade e nunca se chegam sinceramente a Jesus Cristo.

Sl 81:11-12; Mt 12:14;13:20-21; Jo 6:39,44;12:38-40;17:9; At 13:48; Hb 6:4-6.

 

69. Que é comunhão em graça, que os membros da Igreja invisível têm com Cristo?

Comunhão em graça, que os membros da Igreja invisível têm com Cristo, é a participação da virtude de sua mediação, em justificação, adoção, santificação e tudo o que nesta vida manifesta a sua união com Ele .

Rm 8:30; Ef 1:5; I Co 1:30.

 

70 O que é justificação?

Justificação é um ato da livre graça de Deus para com os pecadores, no qual Ele perdoa todos os seus pecados, aceita e considera as suas pessoas justas aos seus olhos, não por qualquer coisa neles operada ou por eles feita, mas unicamente pela perfeita obediência e plena satisfação de Cristo, a eles imputadas por Deus e recebidas só pela fé.

Rm 3:22,24,25,28;4:5;5:1,17,18,19;11:6-8; II Co 5:19, 21; Gl 2:16;Ef 1:6-7;Fp 3:9;At 10:43.

 

 

 

71. Como a justificação é um ato da livre graça de Deus?

Ainda que Cristo, pela sua obediência e morte, prestasse uma apropriada, verdadeira e plena satisfação à justiça de Deus a favor dos que são justificados, contudo a sua justificação é de livre graça para eles, desde que Deus aceite a satisfação de um fiador, a qual podia ser exigida deles; e providenciou este fiador, seu único Filho, imputando-lhes a justiça dele (Cristo) e não exigindo deles nada para a sua justificação, senão a fé, a qual também é dom de Deus.

Is 53:5-6; Mt 20:28; Rm 3:25; 5:8-10,19;8:32; ITm 2:5-6;; II Co 5:21; Ef 1:7;2:8; Hb 7:22.

 

72. O que é fé justificadora?

Fé justificadora é uma graça salvífica, operada pelo Espírito e pela Palavra de Deus no coração do pecador, que sendo por esse meio convencido do seu pecado e miséria e da incapacidade tanto sua como das demais criaturas, para restaurar sua condição de perdido, não só aceita a verdade da promessa do Evangelho, mas recebe e descansa em Cristo e em sua justiça, que lhe são oferecidos no Evangelho para o perdão de pecados, e para que a sua pessoa seja aceita e considerada justa diante de Deus para a salvação.

Jo 16:8-9; Rm 7:9;10:8-10,14,17; At 2.37;4:12;10:43;15:11;16:30;Gl 2:15,16; Ef 2:1; II Ts 2:13; Fp 3:9; Hb 10:39.

 

73. Como a fé justifica o pecador diante de Deus?

A fé justifica o pecador diante de Deus, não por causa das outras graças que sempre a acompanham, nem por causa das boas obras que são os frutos dela, nem como se a graça da fé, ou qualquer ato dela, lhe fosse imputada para a justificação; mas isto ocorre unicamente porque a fé é o instrumento pelo qual o pecador recebe e aplica a si tanto Cristo como sua justiça.

Gl 3:11; Rm 3:28;4:5-8;Tt 3:4-7; Fp 3:9.

 

74. O que é adoção?

Adoção é um ato da livre graça de Deus, em seu único Filho Jesus Cristo e por amor dEle, pelo qual todos os que são justificados são recebidos no número de filhos de Deus, trazem em si o seu nome, recebem o Espírito de seu Filho, estão sob o seu cuidado e providências paternais, são admitidos a todas as liberdades e privilégios dos filhos de Deus, são feitos herdeiros de todas as promessas e co-herdeiros com Cristo em glória.

Sl 103:13; Pv 14:26; Mt 6:32; Rm 8:17; I Jo 3:1; Ef 1:5; Gl 4:4,5,6; Jo 1:12; Ap 3:12.

 

75. O que é santificação?

Santificação é a obra da graça de Deus, pela qual os que Deus escolheu antes da fundação do mundo, para serem santos, são, nesta vida, pela poderosa operação do seu Espírito, e pela aplicação da morte e ressurreição de Cristo, plenamente renovados, segundo a imagem de Deus, tendo as sementes do arrependimento que conduz à vida, e de todas as outras graças salvíficas implantadas em seus corações, e tendo essas graças de tal forma dinamizadas, aumentadas e fortalecidas, assim eles morrem cada vez mais para o pecado e ressuscitam para a novidade de vida.

Rm 6:4-6,14; I Co 6:11; Ef 1:4;3:16-19;4:23-24; Cl 1:10-11; II Ts. 2:13; Fp 3:10; At 11:18; I Jo 3:9; Jd 20; 

 

76. O que é arrependimento que conduz à vida?

0 arrependimento que conduz à vida é uma graça salvífica, operada no coração do pecador pelo Espírito Santo e pela Palavra de Deus, pela qual, percebendo e sentindo, não somente o perigo, mas também a torpeza e odiosidade dos seus pecados, e apreendendo a misericórdia de Deus em Cristo para com os arrependidos, o pecador, tanto se entristece pelos seus pecados e os aborrece, como se volta de todos eles para Deus, se propondo e se esforçando por andar constantemente com Deus em todos os caminhos da nova obediência.

I Sm 7:3;   I Rs 8:47-50; Sl 119:59,128; Is 8:47-50;30:22; Ez 14:6;16:61,63;18:30,32;36:31; Os 2:6,7;Zc 12:10; Lc 15:17,18;22:61,62;24:47; At 2:37;11:18,20,21;26:18; II Co 7:11; II Tm 2:25,26.

 

77. Em que sentido a justificação é diferente da santificação?

Ainda que a santificação seja inseparavelmente unida com a justificação, contudo elas são diferentes nisto: na justificação, Deus imputa a justiça de Cristo; e na santificação, o seu Espírito infunde a graça e dá forças para ser praticada. Na justificação, o pecado é perdoado; na santificação, ele é subjugado. A primeira liberta a todos os crentes, igualmente, da ira vingadora de Deus, e isto de maneira perfeita na presente vida, de modo que eles jamais caem na condenação; a segunda não é igual em todos os crentes, e nesta vida não é perfeita em crente algum, todavia sempre avança para a perfeição.

Ez 36:27; Mc 4:28; I Co 1:30;3:1,2;6:11; II Co 5:21;7:1; Rm 3:24,25;4:6,8;6:6,14;8:1,30,33,34; I Jo 1:8,10; Fp 2:12-14;3:8,9; Ef 4:11-15.

 

78. Donde procede a imperfeição da santificação dos crentes?

A santificação dos crentes é imperfeita devido aos restos do pecado que permanecem em todo o seu ser, e das infindáveis concupiscências da carne contra o Espírito; por isso são eles muitas vezes arrastados pelas tentações e caem em muitos pecados; são impedidos em todos os seus serviços espirituais, e as suas melhores obras são imperfeitas e manchadas aos olhos de Deus.

Êx 28:38; Rm 7:18, 23; Gl 5:17; Hb 12:1.

 

79. Poderão os verdadeiros crentes cair do estado de graça, em razão de suas imperfeições e das muitas tentações e pecados que os assaltam?

Os crentes verdadeiros, em razão do amor imutável de Deus, e do seu decreto e pacto de lhes dar a perseverança, da união inseparável entre eles e Cristo, da contínua intercessão de Cristo por eles, e do Espírito e da semente de Deus habitando neles, jamais poderão, total ou finalmente, cair do estado de graça, mas são conservados pelo poder de Deus, mediante a fé para a salvação.

Jr 31:3;32:40; Is 54:10; Lc 22:32; Jo 10:28;13:1; Rm 8:35-39; Hb 6:17;7:25;13:20,21; I Co 1:8;12:27; I Jo 2:27;3:9.

 

80. Os crentes verdadeiros poderão ter certeza infalível de que estão no estado de graça, e de que neste estado perseverarão para a salvação?

Aqueles que verdadeiramente crêem em Cristo, e se esforçam por andar perante Ele com toda boa consciência, podem, sem uma revelação extraordinária, ter a certeza infalível de que estão no estado de graça, e de que nesse estado perseverarão para a salvação, pela fé baseada na verdade das promessas de Deus e pelo Espírito que os habilita a discernir em si aquelas graças às quais são feitas as promessas de vida, testificando aos seus espíritos que eles são filhos de Deus.

I Jo 2:3;3:14,18-21,24;4:13,16;5:13; Hb 6:11,12; II Tm 1:12.

 

81. Todos os verdadeiros crentes têm sempre a certeza de que estão agora no estado de graça e de que serão salvos?

A certeza da graça e salvação, não sendo da essência da fé, os crentes verdadeiros podem esperar muito tempo antes do consegui-la; e, depois de gozar dela, podem sentir essa certeza enfraquecida e interrompida, por múltiplas perturbações, pecados, tentações e deserções; contudo, jamais são deixados sem a presença e sustento do Espírito de Deus, que os guarda de se afundarem em desespero absoluto.

Is 50:10; Jó 13:15; Sl 30:6,7;31:22;51:8,12; 73:1-15.

 

82. Quando se realiza a comunhão em glória, que os membros da Igreja invisível têm com Cristo?

A comunhão em glória, que os membros da Igreja Invisível têm com Cristo, realiza-se nesta vida, imediatamente depois da morte,e, finalmente, é aperfeiçoada na ressurreição e no dia do juízo.

Lc 23:43; II Co 3:18; I Jo 3:2; I Ts 4:17; Ap 22:3-5.

 

83. Qual é a comunhão em glória, com Cristo, da qual os membros da Igreja invisível desfrutam nesta vida?

Aos membros da Igreja Invisível são comunicadas, nesta vida, as primícias da glória com Cristo, visto serem membros de seu corpo, do qual ele é o Cabeça, e, estando nEle, têm parte naquela glória que, na sua plenitude, lhes pertence; e como penhor dela, desfrutam das sensações do amor de Deus, da paz de consciência, da alegria do Espírito Santo e da esperança da glória. De outro lado, o sentimento da ira vingadora de Deus, o terror da consciência e uma terrível expectação do juízo são, pa